Superstição

Vai, moleque!
Enxuga-te as lágrimas
com as costas da mão;
dá-te finalmente trégua
desse sonho dantesco
e pára de te basear
em hieráticas previsões.
Não digas que desta água
não beberás;
que um dia,
bem o sabes,
a casa cai
e a poesia,
sem pilastra, sem apoio,
desmorona.
E tu sem ela,
és como desabrigo,
como fratura exposta.
Vai, moleque,
que o mundo não gira
ao redor de ti
e nem por ti
faz sol ou chuva,
e nem por ti
se move ou dança.
O mundo é por ele só
e assim deverias...
Vai, moleque!
Enxuga-te as lágrimas
com as costas da mão;
dá-te finalmente trégua
desse sonho dantesco
e pára de te basear
em hieráticas previsões.
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Teve palestra do Gullar na UFRJ, muito legal. Ele como sempre, por demais engraçado, mas não deu pra entregar "Eu, como tu" pra ele. Fica pra próxima.
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